Obesidade e transtornos psiquiátricos



 Obesidade e transtornos psiquiátricos

Para enfatizar o comportamento psiquiátrico e psicológico do excesso de peso transcrevo aqui parte de importante artigo publicado na Revista da Soc. Bras. De Endocrinologia em 2006.

Dos autores : Kátia PetribuI; Edilana Sá RibeiroI; Fabiana M.F. de OliveiraI; Cristiana I.A. BrazI; Maria Laura Mota GomesI; Daniella E. de AraujoI; Nair C.N. de AlmeidaII; Pedro C. de AlbuquerqueII; Moacir de N.L. FerreiraII

INTRODUÇÃO

A OBESIDADE É UM IMPORTANTE problema de saúde pública, tendo em vista sua alta prevalência, a dificuldade no controle e o elevado índice de recidiva. Entre 15% e 22% dos pacientes que procuravam tratamento para emagrecer eram portadores de compulsão alimentar periódica ( TCAP). Entre os pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica, esta prevalência pode variar de 27% a 47% e impressiona a pouca atenção que desperta a correlação entre obesidade e transtornos psiquiátricos.

Literatura

 Na literarura mundial este transtorno é conhecido por Binge eating (compulsão alimentar periódica) caracteriza-se pela ingestão de grande quantidade de comida, acompanhada da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come. Quando esses episódios ocorrem, pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associado a algumas características de perda de controle e não são acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso (como vômitos ou o uso de laxantes), compõe a síndrome denominada binge eating disorder (TCAP/DSM IV-TR).

Inicio

Os obesos comedores compulsivos apresentam um início do quadro de obesidade mais precoce que os não compulsivos, além de iniciarem mais cedo à preocupação com peso e dietas, desde as mais absurdas até as mais conservadoras. Apresentam ainda maior prevalência da flutuação de peso e passam mais tempo de suas vidas tentando emagrecer.

O comer compulsivo representa uma dificuldade de tratamento dos pacientes obesos, pois indivíduos com esses episódios interrompem prematuramente os tratamentos pela incapacidade de controlar a ingestão alimentar. A dieta para este tipo de paciente é diferente da dieta habitual para perda de peso.

O TAP está relacionado a sintomas psicopatológicos em geral (sobretudo depressão), a uma maior gravidade da obesidade e prejuízo no funcionamento social e ocupacional.

Indivíduos obesos da população geral ou que procuram tratamento para emagrecer não parecem evidenciar um aumento das patologias psiquiátrica. Entretanto, ocorre um aumento da psicopatologia em pacientes gravemente obesos. Esta é a razão de se estudar a correlação entre a Obesidade e transtornos psiquiátricos.

Estas patologias podem se causadas ou agravadas pela obesidade, mas muitas vezes estão associadas às causa do sobrepeso.

Diante da dificuldade em obter bons resultados nos tratamentos de redução de peso, a procura pela cirurgia da obesidade aumentou e vem sendo realizada com maior frequência. Entretanto, deve existir sempre a preocupação, de que alterações do comportamento alimentar, possam vir a trazer complicações pós-operatórias e comprometer o resultado da cirurgia.

A avaliação psiquiátrica pré-operatória é fundamental. O tratamento prévio do transtorno psiquiátrico associado à obesidade pode ser fundamental para o sucesso do procedimento cirúrgico.

Todos os entrevistados apresentaram doenças associadas, sendo a hipertensão arterial, os distúrbios do sono e as lesões ortopédicas as mais frequentes.

Verificou-se uma elevada prevalência de:

  1. transtorno de ansiedade generalizada;
  2. depressão no passado,
  3. transtorno do pânico e
  4. agorafobia (fobia para espaços abertos ou grande numero de pessoas), nos pacientes que procuraram a cirurgia bariátrica.

Dos portadores de TAP, 42,1% apresentavam depressão no momento da avaliação, contra apenas 13,8% do grupo sem TAP.

DISCUSSÃO

Nas últimas décadas, as pressões sociais por um corpo esbelto têm se intensificado e as pessoas com sobrepeso são frequentemente avaliadas de forma depreciativa, sendo alvo de preconceito e discriminação nos locais de trabalho, relacionamentos sociais, e mesmo pelos profissionais de saúde, devido à sua aparência física.

A obesidade não é classificada como um transtorno psiquiátrico. Esta afirmação se faz necessária desde que, por muito tempo, a obesidade foi compreendida como uma manifestação somática de um conflito psicológico. Eram as explicações que o excesso alimentar teria um efeito compensador de algo percebido como não satisfatório para o paciente. Esta visão é ainda hoje compartilhada tanto pela população leiga como por uma boa parte dos profissionais de saúde. Esta postura não tem sido mais aceita pela comunidade cientifica.

Correlação psiquiátrica

Em estudos de amostras comunitárias, os indivíduos com obesidade geralmente não têm mais psicopatologia do que os com peso normal. Em contraste a isso, entre obesos que procuram tratamento têm sido encontrados índices significativamente elevados de depressão e índices menos importantes de transtornos de ansiedade (incluindo agorafobia, fobia simples e transtorno de estresse pós-traumático), bulimia, tabagismo e transtorno de personalidade bipolar borderline.

De qualquer forma, na medida em que lidamos com populações em clínicas, o achado de maior depressão é relevante e deve ser considerado ao se avaliar pacientes que se apresentam para tratamento de obesidade.

Utilizando dados do Third National Health and Nutrition Examination Survey, em que encontraram:

  1. Que a associação entre obesidade e depressão é frequente e depende da gravidade da obesidade.
  2. Há um aumento da psicopatologia em pacientes gravemente obesos.
  3. Todos esses transtornos apresentaram-se em frequência mais elevada que na população geral.

O TAP está relacionado a sintomas psicopatológicos em geral (sobretudo depressão), a maior gravidade da obesidade e a prejuízo no funcionamento social e ocupacional.

Na amostra estudada observou-se que os obesos portadores de TAP tiveram maior número de tratamentos para emagrecer e apresentam mais depressão que os não compulsivos.

O TAP foi verificado em 56,7% dos entrevistados, frequência maior dos encontrados em obesos que buscam serviços especializados para tratamento da obesidade.

O estresse é um fator que pode levar ao aumento das compulsões alimentares. Durante situações estressantes, o cortisol é liberado estimulando a ingestão de alimentos e o aumento do peso ­ situação essa possível de acometer parte desses pacientes.

Visto que os portadores de TAP apresentam vasta psicopatologia, deve-se aprimorar a detecção desses distúrbios a fim de proporcionar-lhes o tratamento adequado.

Os autores sugerem a avaliação psiquiátrica sistemática de todos os pacientes candidatos à cirurgia bariátrica por um psiquiatra experiente em transtornos alimentares.

Este artigo mostra que os distúrbios de compulsão estão na gênese de grande numero de pacientes e explica o reganho de peso de porcentual de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, por não terem sido tratados da patologia psiquiátrica.

Dr. Joffre

 obesidade e transtorno psiquiatrico
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