Dormir pouco engorda

Dormir pouco engorda

Fato já conhecido, mas melhor abordado no congresso da SBEM em Curitiba (2014)  é  a relação entre dormir menos e a obesidade. O fato é que sono interrompido, mal dormido, agitado, etc.. engorda.

Vários estudos epidemiológicos recentes correlacionam a curta duração do tempo de sono com o aumento do índice da massa corporal (IMC) em diferentes populações.

dormir pouco engorda
dormir pouco engorda

Em um estudo espanhol realizado em 2000, Vioque e cols. mostraram uma associação inversa entre obesidade e duração de sono, com relação para obesidade 24% menor para cada hora adicional de sono. Os autores encontraram que um tempo de sono igual ou inferior a 6 horas por dia aumentava o risco de obesidade.

Outros autores já haviam demonstrado que a duração do sono se correlaciona com a obesidade em crianças, o que parece ser independente de outros fatores de riscos de obesidade.

Vario trabalhos mostram que quando se dorme mal há alterações na resposta das células as ações hormonais. Isto foi verificado em células musculares e adiposas. Nas celulas adiposas o efeito do “mal dormir” consiste em uma resposta de responder menos que o normal a ação do hormônio insulina. Esta má resposta é chamada de “resistência insulínica” e contribui para aumentar o deposito de gordura nestas células.

O não dormir faz engordar por aumentar o apetite e diminuir a saciedade aumentando, portanto a ingestão alimentar, mas o ganho de peso é maior do que a elevação do apetite decorrente do dormir mal cronicamente.

Acredita-se que outros desequilíbrios hormonais e uma dessincronização do relógio biológico promovam ganho de peso por outros mecanismos além do ”comer mais”.

Os trabalhos mostraram que ter o sono interrompido, dormir menos de 07h30min horas, dormir em ambiente não adequado (com luzes ou sons), etc. – colaboram para manter o peso acima do desejado.

Alteração do hormônio melatonina que só é produzido no sono altera a produção dos hormônios sexuais, grelina, leptina, etc.

Alterações endócrinas induzidas pela perda de sono e sua influência no controle da ingestão alimentar

Estudos recentes têm observado que a redução do tempo total de sono está associada a dois comportamentos endócrinos paralelos capazes de alterar significativamente a ingestão alimentar: a diminuição do hormônio leptina que é secretado pela gordura e que diminui a fome e aumenta o gasto energético e o aumento do hormônio grelina produzido pelo estomago e que aumenta a fome, resultando, assim, no aumento da fome e da ingestão alimentar.

Mesmo o encurtamento das horas de sono afeta o apetite e possivelmente a massa corporal pela intervenção da leptina e da grelina, dois hormônios que participam da homeostase tanto da massa corporal como do sono.

Há provas que estas alterações do sono agem no cérebro nos circuitos neurais de centros hipotalâmicos e liberam neuropeptídeos e receptores que têm papéis importantes na manutenção da massa corporal adequada levando ao aumento do peso.

O hormônio leptina que diminui a fome e aumenta o gasto metabólico participa também da regulação do sono e sua secreção é influenciada pelo sono. Os níveis deste hormônio são elevados durante o sono.

Vários estudos têm demonstrado que tanto a privação parcial crônica do sono (restrição de sono) como a privação aguda pode ocasionar uma diminuição nas concentrações de leptina no sangue.

A restrição do sono parece alterar a habilidade da leptina em desencadear um sinal no balanço energético, produzindo o sinal de saciedade quando as necessidades calóricas são alcançadas.

As alterações no sono também alteram a regulação do cortisol e o equilíbrio do sistema simpático que também se relacionam com a leptina e com o balanço energético do individuo.

A grelina é um hormônio produzido pelas células endócrinas do estômago e duodeno. Esse hormônio aumenta nos períodos de jejum, desencadeando a sensação de fome, estimulando a motilidade gastrointestinal e promovendo a deposição de gordura. A grelina é a única substância que tem demonstrado aumentar a fome e o apetite quando administrada em humanos. Esse hormônio contribui para a fome pré-prandial e estimula o início da refeição, sendo as concentrações plasmáticas de grelina inversamente correlacionadas com o volume alimentar ingerido.

Existem evidências indicando que a grelina também é um fator promotor do sono e que é produzida durante o sono e seguido de uma diminuição no período da manhã.

A exemplo do que acontece com a leptina, o sono parece influenciar o padrão de secreção da grelina, pois altos níveis desse hormônio durante a manhã estão relacionados com a curta duração do sono. Há evidências que os níveis da grelina são maiores em indivíduos com restrição de sono.

Com base nesses dados, observa-se que um aumento na relação grelina/leptina é considerado o principal fator que pode desencadear um aumento da fome provocado pela alteração do padrão correto de sono.

Efeito da perda de sono nas escolhas alimentares

Há também evidências que apontam que a privação de sono, parece aumentar não somente o apetite, como também a preferência por alimentos mais calóricos.

Experimentos mostram que o apetite por nutrientes que continham alta quantidade de carboidratos, incluindo doces, biscoitos salgados e tubérculos, aumentou de 33 para 45%, mas o apetite por frutas, vegetais e alimentos com alta quantidade de proteínas foi pouco afetado.

Efeito da perda de sono no gasto energético do cotidiano

Algumas evidências sugerem que a restrição de sono pode diminuir o gasto energético diário total pelo aparecimento de fadiga e sonolência excessiva durante o dia, o que contribuiria para a redução da atividade física diária.

 

CONCLUSÕES

O congresso evidenciou que o encurtamento do tempo de sono, muito comum nas sociedades modernas, é um fator predisponente para o aparecimento da obesidade. A diminuição do tempo de dormir pode modificar o padrão endócrino que sinaliza fome e saciedade por meio da diminuição dos níveis da leptina e aumento nos níveis da grelina, e até mesmo alterar as escolhas alimentares. Dessa forma, a modificação do padrão de sono pode levar a desajustes endócrinos que induzem ao aparecimento da obesidade.  Dessa forma, um tempo adequado de sono parece ser essencial para a manutenção do estado nutricional e deve ser respeitado por nós.

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